sexta-feira, 21 de julho de 2017

André Ventura e os ciganos

André Ventura, candidato à Câmara de Loures pelo PSD e a quem o CDS retirou o seu apoio, fez esta semana declarações muito objectivas, dirigidas aos ciganos (não vou dizer se é raça ou etnia para não aborrecer o senhor que foi ao Prós e Contras), acusando-os de viverem, na sua maioria, de subsídios do Estado, como o RSI - Rendimento Social de Inserção.
Não, não vou dar aqui dizer se acho que sim ou que não porque não é esse o propósito desta crónica.
Vou sim dizer que estou na dúvida se André Ventura ganhou ou perdeu as eleições com estas declarações.
É sabido que uma larga maioria das pessoas em Portugal, por muito que se queira negar a evidência, não gosta de ciganos.
Quem quer ter famílias ciganas como vizinhos?
Quem aluga uma casa a ciganos?
Quantas pessoas se podem gabar de ter amigos ciganos com quem convivem de forma frequente e chegada?
Quem nunca fez uma crítica igual à de André Ventura sobre o facto de muitos ciganos terem sinais exteriores de riqueza e, apesar disso, terem direito a subsídios do Estado?
É óbvio que quem quiser ser politicamente correcto dirá que o candidato se excedeu, que não pode generalizar e que está a ser racista. E que, sobretudo quem concorre a eleições, não deve dizer o que ele disse por ser politicamente incorrecto.
Mas quantos também, não estão a pensar que ele tem razão? E muitos dos que pensam isto, têm medo de o assumir e de o verbalizar.
Não esqueçamos, no entanto, que o voto é secreto e que dessa forma, até aqueles que não se querem manifestar publicamente o podem fazer no anonimato e conferir uma legitimidade a André Ventura para aplicar medidas contra aquilo que se acha ser uma prática instalada.
Outra dúvida que tenho é se o candidato proferiu estas declarações já fazendo parte de uma estratégia ou se assumiu essa estratégia depois das declarações terem gerado grande burburinho a nível nacional e que possa ter pensado que pode ser uma boa forma de captar votos.

Uma coisa sei, André Ventura é um homem muito inteligente. Polémico, provocador e habituado ao confronto mas com muita capacidade de argumentação que lhe permite enfrentar este assunto e alimentá-lo.
Outro argumento a favor é que o nosso país, em algumas circunstâncias, vive-se a fase Tiririca - pior do que o que está não fica e, por isso, muitas pessoas votam em quem lhe faz promessas, mesmo muito absurdas ou atropelando o que possam ser direitos humanos ou direitos consagrados.
Em Outubro se verá mas começo a ver crescer uma onda que pode acabar em vitória.


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